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Veneno e Monocultura

Posted on 28/6/13

A intensificação da invasão dos coronéis do cacau na região de Olivença começou no início do século XX. Atraídos pelas terras férteis vividas pelos Tupinambá, os fazendeiros cercaram as terras, transformando as matas e roças indígenas em grandes campos monocultores de cacau.

A monocultura é extremamente agressiva para a natureza e para a cultura. O cultivo de apenas uma espécie deixa os campos muito mais suscetíveis a pragas que se espalham rapidamente (o que de fato, acabou acontecendo) e a forma de lidar com este problema encontrada pelos fazendeiros é usar doses cada vez maiores de veneno, intoxicando a terra, as águas e o próprio alimento. O monocultivo não deixa a terra respirar, onde só há cacau não há espaço para as sustentabilidades da vida Tupinambá. A produção agrícola feita nos termos da lógica capitalista só tem sentido se feita em larga escala, é baseada no latifúndio, na terra vasta em cativeiro na mão de poucos, que impõem seu modo de vida e trabalho através de uma tentativa sórdida de destruição da vida.

A monocultura subordina os homens e aprisiona a mata. Os indígenas são arrancados de sua terra e de sua cultura, e onde antes havia vida se fixa um trabalho morto, que só gera riqueza para o bolso do patrão. Os coronéis do cacau tentaram instalar uma monocultura da terra e da mente.

No processo de retomada os Tupinambá encontram as terras ocupadas pelo cacau. Os campos muitas vezes estão abandonados ou tomados pela vassoura de bruxa. Os indígenas, diante desse cenário, cuidam de parte do cacau ao mesmo tempo que abrem espaços para que a mata possa novamente crescer e respirar, assim como introduzem outras culturas na terra.

A gente continua o cacau porque era o que tava aqui, daí a gente faz igual mas faz diferente. Faz igual porque faz o mesmo processo, que é o processo de preparação do cacau que todo mundo faz. Mas faz diferente do fazendeiro porque o trabalho é diferente. O fazendeiro fazia as pessoas de escravos e ficava com o dinheiro do cacau, é todo pra ele. A gente trabalha junto, em mutirão, com troca de diárias, ou paga uma ou outra diária pra gente aqui de dentro mesmo. Cada família tem um pedacinho.

 

 

 

 

Algumas Relações

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