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Sustentabilidades

Posted on 29/6/13

 

A relação entre cultura e natureza nos Tupinambá se dá a partir do intercruzamento entre economia, espiritualidade e sociabilidade. São muitas sustentabilidades que, na verdade, dependem umas das outras para se perpetuar. O modo de vida Tupinambá é perpassado por três sustentabilidades centrais: econômica, cultural e ecológica.

A sustentabilidade ecológica depende das outras duas: depende da econômica, porque ninguém tem como garantir que as matas não serão devastadas e os animais mortos e as águas poluídas, se não estiverem à disposição os meios de prover as pessoas com o que elas necessitam para sobreviver. O índio, para ser o índio, que preserva precisa de seu território para trabalhar e garantir o seu próprio sustento. As necessidades básicas, como a alimentação da família, podem falar mais alto do que a intenção de proteção à natureza. A precariedade do trabalho subordinado, associada à falta de acesso aos bens comuns da terra, obriga as pessoas a trabalharem em atividades extremamente impactantes como a extração ilegal de minérios. Por isso, só é possível pensar em índio que preserva se ele for índio vivo, índio com terra que trabalha para si próprio.

A sustentabilidade ecológica depende também da sustentabilidade cultural: se o índio não puder praticar livremente sua cultura, se não forem garantidos o seu território físico e simbólico onde ocorre a interação com a natureza e a espiritualidade, a sua intenção de zelo se enfraquece. A cultura que os Tupinambá compartilham tem um papel fundamental na construção das bases para a mobilização política coletiva, e por consequência em sua atitude de preservação e zelo com a natureza.  Desta maneira, a sustentabilidade cultural depende em alguma medida da sustentabilidade econômica também: a cultura só é viva quando os índios são empoderados dos meios de gerar seu sustento a partir de sua cultura.

Vale lembrar que a sustentabilidade econômica não significa capitalismo verde, que se limita a diminuir, e mesmo assim não muito, o impacto negativo da produção voltada para o lucro. A sustentabilidade econômica é justamente seu contrário: a produção que tem como objetivo a vida e não o lucro. É tirar seu sustento através do zelo e zelar para tirar seu sustento, isso é sustentabilidade em todas as suas dimensões. É neste sentido que o artesanato, a caça, a extração da piaçava e a Roça de Coivara são exemplos fortes de práticas de sustentabilidades entre os Tupinambá.

 

 

 

 

 

 

Algumas Relações

Língua e Artesanato Autonomia Veneno e Monocultura Natureza-Cultura Plano de Morte